Cena lusófona - Revista Setepalcos

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Representantes do Projecto "Figura tchyn":

Adilson Gomes (Desenho de luz e iluminação) Adriano Reis - Actor

Teatro em Cabo Verde: Setepalcos pelas ilhas
O estado do teatro em Cabo Verde, assim se pode chamar a edição especial da revista Setepalcos, publicada pela Cenalusófona (Associação Portuguesa para o Intercâmbio Teatral) e apresentada, nan última quarta-feira, na Casa da Morna, em Lisboa.
Esta edição faz uma viagem pela história do teatro, em Cabo Verde, nas últimas décadas, juntando depoimentos de vários intervenientes no seu desenvolvimento. São os casos de João Branco, do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo e também responsável pelo Mindelact; de Jorge Martins, do grupo Juventude em Marcha, do ex-Ministro da Cultura, Manuel Veiga, e ainda da actriz cabo-verdiana Odete Mosso, actualmente investigadora da dramaturgia de Cabo Verde, na Universidade do Porto.
Para além de outros testemunhos sobre os primeiros passos do teatro, em vários pontos do arquipélago, o destaque vai para um valioso trabalho de inventariação dos grupos de teatro existentes, assim como dos espaços cénicos que ainda subsistem nas ilhas.
Em nota de abertura, António Augusto Barros, director da publicação, destaca o trabalho de intercâmbio realizado em Cabo Verde, a partir de 1995, numa época o teatro nas ilhas era “incipiente, residual, não organizado”. Daí que o programa Cena Lusófona coincidisse com o surgimento não só do grupo Juventude em Marcha, como do início da actividade do encenador português João Branco, através da criação do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo.
Ao longo dos últimos quinze anos foram muitas as iniciativas e co-produções de grupos de teatro portugueses, em Cabo Verde, em colaboração com a Cena Lusófona. Com a experiência adquirida localmente e a crescente afirmação do Mindelact, “a presença da cena Lusófona deixiu de ser necessária, como de início”, escreve António Augusto Barros.
No entanto, a preocupação pelas condições de trabalho dos grupos locais continua uma prioridade, como deixa claro na sua introdução. Daí a inventariação levada a cabo, num trabalho de terreno, percorrendo as ilhas, de “sol a sol”, como explicou, e o alerta deixado para o iminente desaparecimento da histórica sala Eden Park - uma nota de preocupação também deixada por João Branco.

joaquim Arena



Texto & foto: J.A - www.sapo.cv